Supressão dos direitos da mulher.


        Assistindo a um documentário sobre "Tabus" nesta semana, me deparei com a história (real) das "Virgens juradas da Albânia". Fiquei muito interessada em saber mais e resolvi pesquisar sobre o assunto, já que ele nos leva a vários tipos de discussões, desde antropológicas até sexuais. Contarei brevemente como surgiram e porque existiram e ainda existem as "Virgens Juradas".
          Na Albânia, país extremamente machista e muito conservador, existem ainda (pelo que pesquisei),  em torno de 30 mulheres, as quais tiveram que abrir mão de sua sexualidade e feminilidade para assumir uma identidade masculina em prol de adquirir direitos a elas suprimidos. Há poucas décadas atrás, a Albânia e sua sociedade patriarcal e machista impunham às mulheres direito algum. Mulheres não herdavam propriedades, deviam se sujeitar ao casamento imposto, não votavam e nem mesmo podiam usar relógios; por isso abrir mão de sua vida como mulher, trocar suas roupas por vestes masculinas e jurar celibato era, para algumas, a única forma de garantir a subsistência delas e de suas famílias.
       Essa conversão é prevista no "código de honra medieval de ética cristã" chamado "kanun",  que é o tradicional conjunto de leis Albanês, o qual é chamado de excêntrico, porém não vejo outra forma de chamá-lo, senão polêmico. É incrível pensar que esse conjunto de leis permite a justiça pelas próprias mãos. Um de seus "artigos" ou regras impõe à família de alguma pessoa assassinada a revidar, ou seja, autoriza que essa família mate também o algoz de seu familiar. Essa "vendetta" é chamada de "dívida de sangue".
      De acordo com as minhas pesquisas, o Kanun só existia na forma oral até o século XV, quando foi codificado por "Lekë Dukagjini" e publicado, parcialmente, no século XIX, por "Shtjefën Gjeçovi". Sua publicação completa se deu em 1936. Esse compêndio é baseado nos quatro pilares: Honra, Hospitalidade, Direito de conduta e Lealdade. 
        Falando das virgens juradas, abrimos um espaço para comentar sobre os direitos da mulher no mundo. Li uma reportagem outro dia referente a uma mulher que deu à luz num trem na china, puxou a descarga e disse que não viu que estava "parindo" uma criança. Lembrei-me então de outro documentário assistido por mim há muitos anos atrás, que mostrava o tratamento dado às "meninas" nos orfanatos chineses, as quais eram abandonadas por terem "pouca serventia" na vida familiar.  Isso acontecia (e acontece ainda) pois, em 1979, a china adotou a política do filho único, que admite apenas um filho por casal. No pensamento deles, se nascer um filho homem, esse pode se casar e trazer a esposa para ajudar na renda familiar; já a filha mulher quando se casa vai embora morar com os sogros. Isso fez com que milhares de recém nascidas ficassem órfãs pelo simples fato de terem nascido mulher.
       Eu fiquei chocada ao ver como essas pequenas garotinhas eram tratadas nesses orfanatos. Elas ainda bem pequenas tinham que se virar para poder mamar sozinhas, pois a elas era dada a mamadeira, ou melhor, colocavam a mamadeira em suas boquinhas e as deixavam mamando sozinhas no berço. Durante o dia eram amarradas em cadeiras de madeira, com um penico embaixo, com as perninhas abertas, para que fizessem xixi e não precisassem ser trocadas. E ainda existia um quarto onde as meninas doentes ficavam até que morressem... triste... mas eu nunca mais esquecerei esse documentário.
      Dizem que hoje em dia algumas delas são adotadas graças a uma campanha de adoção mundial, e que por elas são pagos alguns milhares de dólares (não achei em minha pesquisa o valor correto) que são repassados ao governo chinês. 
      É com muito pesar que eu termine hoje, depois de contar estas histórias, me perguntando como, em pleno século XXI, ainda possa acontecer esse tipo de barbaridade e desrespeito aos direitos da mulher e aos direitos humanos!

       Se alguém tiver informações atualizadas sobre este assunto, por favor, comentem.